11/06/2013

As formas de contratar um arquiteto




Texto Marilena Dêgelo

Existem hoje, no país, 82 mil arquitetos formados, de acordo com dados do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). “Nos últimos dez anos, a profissão está mais valorizada pela sociedade e, por isso, dobrou o número de faculdades de arquitetura”, diz o arquiteto e ex-presidente do IAB Gilberto Belleza. “A procura pelo arquiteto aumentou porque as pessoas perceberam que o profissional tem papel fundamental na melhoria da qualidade de vida”. Veja cinco maneiras de contratá-lo.

PROJETO
Tudo no papel
A principal função do arquiteto é criar o projeto arquitetônico, no qual estão previstas todas as mudanças e soluções de acordo com o espaço e as necessidades do cliente. Também faz, ou encomenda a um engenheiro calculista, os projetos de estrutura e de instalações elétricas e hidráulicas. Além de desenhar as plantas e as perspectivas de cada ambiente, com as informações técnicas ele avalia duas ou três opções de materiais adequados para serem empregados nas estruturas e nos acabamentos. O arquiteto ainda faz o planejamento da obra, determinando as etapas e como serão contratadas. Um cronograma prevê o tempo de execução de cada fase até a conclusão, considerando os imprevistos. Essa “cartilha” deve ser seguida pelo dono da casa ou por quem for contratado para gerenciá-la.
PREÇO: somente para fazer o projeto, o arquiteto cobra uma porcentagem do custo estimado da obra, calculado com base na metragem quadrada da área a ser reformada ou construída e na complexidade dos serviços a serem executados, de acordo com as tabelas do IAB.
Abaixo de R$ 200 mil – valor negociado (varia de R$ 45 a R$ 100 para cada m²).
Entre R$ 200 mil e R$ 300 mil – 8%.
Acima de R$ 300 mil – 7%.

CONSULTORIA
Só no ouvido
Quando a reforma é bem simples, como a substituição de portas ou revestimentos, o arquiteto pode ser chamado para dar apenas uma consultoria sobre as melhores opções de mão de obra, acabamento e produtos. Não há necessidade de um projeto detalhado com informações técnicas.
PREÇO: poucos profissionais fazem apenas isso. Cobram 1/3 do valor que custaria um projeto completo.

GERENCIAMENTO
Todos os processos incluídos
 O próprio arquiteto que fez o projeto pode cuidar do gerenciamento da obra, cobrando à parte. Esse trabalho é dividido em dois: a administração dos custos, que inclui as cotações de preços em três fornecedores, a compra dos materiais e a contratação da mão de obra (pedreiro, encanador, eletricista, gesseiro, carpinteiro, azulejista e pintor), e a coordenação da execução de todos os serviços. Pode ser feito também por outro arquiteto, por um engenheiro ou até pelo próprio dono da casa.
PREÇOS: de acordo com tabela do IAB, o arquiteto deve cobrar 15% do custo da obra. Se o valor for inferior a R$ 15 mil, a porcentagem sobe  para 20%. Quando o arquiteto já fez o projeto, costuma cobrar 12%.


ACOMPANHAMENTO DA OBRA
Cada etapa é fiscalizada
Mesmo que não seja contratado para gerenciar a obra, o arquiteto acompanha cada etapa para verificar se o projeto está sendo seguido pelo construtor ou mestre de obras. Normalmente, é feita uma visita de uma hora semanal, com ou sem o cliente. Se, por exemplo, a bancada foi colocada em altura errada, dá tempo de refazer o serviço sem prejudicar o andamento da obra. Três visitas podem estar inclusas no valor do projeto.
PREÇO: cada visita é cobrada como hora técnica, que custa em torno de R$ 250. Alguns profissionais costumam pedir um salário mínimo por mês para fazer o acompanhamento.


OUTRAS PRÁTICAS
Reserva técnica x sobrepreço
No gerenciamento da obra, o arquiteto pode cobrar menos pelo serviço, mas compensar ganhando de 10% a 20% sobre o preço de cada material comprado ou sobre o valor da mão de obra contratada. Isso pode encarecer a obra. Existe também a reserva técnica, que é um desconto que os fornecedores costumam dar para o arquiteto, como se fosse um bônus pela ajuda na venda do produto. Alguns profissionais repassam metade desse desconto para o cliente.

 fonte: http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI79535-16940,00-AS+FORMAS+DE+CONTRATAR+UM+ARQUITETO.html

10 motivos para contar com a ajuda de um profissional

1. O arquiteto é o profissional tecnicamente capacitado para resolver os problemas de uma obra, podendo conceber melhor os ambientes para o ser humano viver.

2. Esse profissional faz o projeto arquitetônico, que é o conceito da obra, com as soluções de acordo com o espaço e as necessidades do cliente, e apresenta diferentes alternativas de custos.

3. Em caso de obra nova, o arquiteto ajuda desde a escolha do terreno. Nas reformas, avalia a estrutura que pode ser mantida e a que precisa ser renovada ou removida.

4. O cálculo correto do que pode ser feito ajuda no melhor aproveitamento do espaço. No projeto, a circulação e a distribuição dos móveis são previstas com exatidão.

5. A partir do projeto, o arquiteto planeja a compra do material adequado e na quantidade certa, o que evita o desperdício e resulta em economia no custo final da obra.

6. Quando gerencia a obra, o profissional contrata mão de obra qualificada e acompanha cada etapa do processo. Isso evita maiores dores de cabeça com erros e atrasos nos serviços.

7. Sem um planejamento, os erros são maiores, incorrendo em execuções e demolições até o acerto final e gerando despesas maiores que as previstas no início da obra.

8. A obra com projeto feito por um arquiteto é mais econômica. A previsão, desde o início, de todas as instalações hidraúlicas e elétricas evita novo quebra-quebra.

9. O cronograma, feito pelo arquiteto, prevê a ordem dos serviços. Isso faz com que um trabalho não leve a refazer o outro. Exemplo: a raspagem do assoalho de madeira após a pintura das paredes.

10. Com um arquiteto envolvido na obra, naturalmente ela é mais valorizada. Além disso, no contrato, o profissional dá garantia contra vazamentos ou erros de instalações.

Fontes: Gilberto Belleza, arquiteto e ex-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, e Gustavo Calazans, arquiteto

O mestre Artigas, em defesa do profissional

 • “É vezo brasileiro fazer as coisas sem plano inicial perfeitamente elaborado. Quando se pergunta sobre como ficarão esses e aqueles pormenores, a resposta é sempre a mesma: ‘Ah! Isso depois; na hora, veremos’. Assim, fazem-se as casas, os prédios e as cidades. Nesse empirismo, vivem a lavoura, a indústria e o próprio governo.”

• “Ninguém pode negar que o projeto feito pelo técnico contém em si uma previsão maior dos diversos detalhes do que o projeto rabiscado pelo construtor e pelo proprietário.”

• “Se na ocasião de executar um serviço, verificar-se um contratempo qualquer, um cano que não pode passar porque tem uma porta ou um esgoto aparecendo no andar de baixo, o construtor resolve em função do problema, no momento. Entretanto, se isso tivesse sido previsto, não precisaria de forro falso ou qualquer outra coisa. No papel, teria sido procurada e encontrada a solução mais econômica para o caso, e a mais bonita.”

• “O construtor, por exemplo, não projeta as instalações elétricas. Ele chama um eletricista que dispõe a coisa à sua vontade. Usa os canos que ele quer e os fios que acha melhores. Poucos entendem disso e ninguém iria fiscalizá-lo. Acontece, porém, que os fios, quando são demais em relação à corrente que transportam, dão muitas perdas. Estas traduzem-se em despesa mensal maior de energia durante 50 ou cem anos. Assim, você pagaria cem vezes um bom projeto de distribuição de eletricidade.”

• “Arquitetura é construção e arte. Arte não tem livro de regulamento que ensine. Nasce dentro de cada um e desenvolve-se como conjunto de experiências. O valor artístico é um valor perene, enorme, inestimável. É um valor sem preço e sem desgaste.”

Vilanova Artigas São Paulo, julho de 1945

Trechos extraídos de carta publicada no livro Vilanova Artigas (1997), Série Arquitetos Brasileiros, Instituto Lina Bo e P. M Bardi, 216 págs.

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